Oncofertilidade: saiba o que é!
Segundo dados do estudo Compreendendo a Sobrevivência ao Câncer na América Latina: Os Casos do Brasil, feito pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA), o número de pessoas que sobrevive ao câncer no Brasil tem aumentado.
Por isso é tão importante a discussão proposta pela pesquisa: como será essa sobrevida? Como será a vida após o câncer? Um dos aspectos relevantes nos remete à fase pós-diagnóstico e anterior ao tratamento: a preservação da fertilidade do paciente.
São muitos os estudos que apontam que pacientes oncológicos podem não estar cientes da potencial diminuição da fertilidade após os tratamentos contra o câncer, bem como das opções para preservar a capacidade futura de ter filhos. Algumas estimativas sugerem que apenas metade das pessoas com câncer tem uma orientação apropriada sobre a preservação da fertilidade.
Tratamento do câncer pode afetar a fertilidade
“Tanto o câncer quanto os tratamentos oncológicos podem reduzir a fertilidade em todos os gêneros. Quimioterapia, radioterapia e cirurgia podem reduzir permanentemente o número de óvulos e espermatozoides, o que pode levar a dificuldades de concepção no futuro”, afirma o especialista em Reprodução Assistida, Sergio Gonçalves, diretor da Venvitre.
O estoque de óvulos é estabelecido antes do nascimento e, até o momento, não há evidências de que eles possam ser repostos. A quimioterapia pode prejudicar óvulos e espermatozoides, reduzindo o número de gametas. A radioterapia pode levar à perda parcial ou total de função do tecido ovariano e testicular.
Às vezes, com altas doses de quimioterapia ou radioterapia, todos os óvulos, espermatozoides e órgãos reprodutivos podem ser afetados. A cirurgia direta nos órgãos reprodutivos também pode levar à redução da fertilidade.
“Frequentemente, não se sabe qual será o efeito do tratamento do câncer na fertilidade, sendo que ele pode ser diferente em cada indivíduo”, observa o médico.
O que é oncofertilidade?
A oncofertilidade é uma área médica de atuação relativamente recente que oferece opções para a preservação da fertilidade do paciente com câncer. Ela procura assegurar a qualidade de vida sob uma perspectiva biológica, psicológica e social, reconhecendo o sofrimento potencial que a redução da fertilidade pode causar aos sobreviventes do câncer.
“Os avanços na tecnologia de reprodução assistida, como a vitrificação, possibilitam preservar óvulos, embriões, tecido ovariano, espermatozoides e tecido testicular para uso futuro. Isso é conhecido como preservação médica da fertilidade”, afirma Sergio Gonçalves.
O tempo é importante
Depois que o diagnóstico de câncer é feito, as decisões sobre fertilidade podem ser urgentes e críticas, sendo importante o encaminhamento de pacientes a uma unidade de oncofertilidade ou reprodução assistida, aconselhamento apropriado e tomada de decisão informada.
Leva tempo para planejar e realizar a preservação da fertilidade (por exemplo, os óvulos podem levar cerca de 14 dias para amadurecer e serem coletados para congelamento). Portanto, a agilidade é importante para evitar atrasos no tratamento do câncer. “Mas a preservação da fertilidade pode ser a melhor chance de um paciente ter filhos biológicos no futuro”, destaca o médico.