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Hormonioterapia: Quais os Impactos na Fertilidade e Gravidez de Pessoas Trans?

Veja quais são os impactos do processo de hormonioterapia para pessoas trans que desejam engravidar.

A experiência de buscar a verdadeira expressão da identidade de gênero é uma odisseia singular para muitas pessoas trans. No cerne dessa jornada está a hormonioterapia, uma ferramenta que desempenha um papel central no alinhamento entre identidade e corpo, para aquelas pessoas que optam por essa jornada. Entretanto, à medida que essa jornada se desenrola, surgem questionamentos significativos sobre como a hormonioterapia interage com a fertilidade e a possibilidade de gravidez. A resposta a essa pergunta varia consideravelmente, dependendo de uma série de fatores, como o tipo de hormônios utilizados, a duração da terapia e as escolhas individuais ao longo do processo.

Este texto expõe os intrincados detalhes dessa terapia e examina os potenciais impactos na gravidez de pessoas trans, lançando luz sobre os benefícios e desafios que permeiam essa complexa interseção.

Como funciona o tratamento de hormonioterapia?

A hormonioterapia é um tratamento médico destinado a alterar características sexuais secundárias, como voz, pelos faciais e redistribuição de gordura, para se alinhar com a identidade de gênero. Este tratamento pode envolver o uso de hormônios sexuais, como estrógeno e antiandrógenos para pessoas trans femininas, ou testosterona para pessoas trans masculinas. O objetivo é proporcionar uma transição física que corresponda à identidade de gênero de cada indivíduo.

É importante sempre salientar que recorrer à hormonioterapia é uma escolha individual e que isso não é um fator determinante para a identidade de gênero de uma pessoa, ainda que possa ser importante para muitas experiências de pessoas trans.

O que é hormonioterapia para pessoas trans?

Para pessoas trans femininas, a hormonioterapia implica a administração de estrógeno e antiandrógenos, moldando não apenas a expressão física, mas também contribuindo para uma experiência mais autêntica da feminilidade que aquela pessoa deseja. Da mesma forma, para pessoas trans masculinas, a introdução de testosterona é um passo crucial na conquista de características que ressoam com sua identidade socialmente lida como masculina, promovendo uma transição física que vai além das aparências.

Essa abordagem médica não se limita a uma simples modificação física; ela representa um caminho significativo em direção à congruência entre a identidade de gênero e a expressão física para as pessoas que optam por esse procedimento. A decisão de embarcar na hormonioterapia é profundamente pessoal, envolvendo considerações emocionais, sociais e psicológicas.

Quem faz hormonioterapia pode ter filhos?

A relação entre hormonioterapia e a fertilidade requer uma análise mais detalhada dos fatores que influenciam essa dinâmica única para cada pessoa trans. No caso de pessoas trans femininas, a preservação da fertilidade antes de iniciar a terapia hormonal é uma escolha frequente, realizada por meio da criopreservação dos gametas. Embora este procedimento ofereça uma oportunidade de preservar a capacidade reprodutiva, envolve várias nuances.

O tempo de exposição à hormonioterapia emerge como um fator pontual, pois quanto mais prolongada for essa exposição, maiores podem ser os impactos na fertilidade. Ademais, fatores individuais, como a resposta biológica de cada pessoa às intervenções hormonais, desempenham um papel crucial nas chances de engravidar.

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Diante disso, a decisão de conceber durante ou após a hormonioterapia requer uma avaliação médica cuidadosa desses elementos e orientação clara e objetiva, buscando o equilíbrio entre a realização da transição de gênero desejada e a preservação da capacidade reprodutiva.

A gravidez de pessoas trans masculinas e a hormonioterapia

No cenário das pessoas trans masculinas, a administração de testosterona geralmente resulta em uma interrupção temporária da menstruação, o que, por sua vez, torna a gravidez altamente improvável. No entanto, é essencial destacar que a cessação da menstruação não deve ser considerada uma garantia absoluta de infertilidade. O processo é mais complexo do que uma simples interrupção, e os mecanismos subjacentes à fertilidade podem permanecer ativos. Nesse contexto, o uso de métodos contraceptivos, especialmente nos estágios iniciais da hormonioterapia, torna-se uma consideração crucial. A necessidade de um planejamento cuidadoso e de discussões abertas com profissionais de saúde se destaca, assegurando que cada indivíduo esteja informado sobre suas opções e compreenda plenamente os possíveis desdobramentos dessa decisão.

Pessoas trans masculinas em uso de hormônios androgênios, como a testosterona, costumam apresentar inibição significativa da função das gônadas, impactando, portanto, a fertilidade. No entanto, este bloqueio costuma ser transitório e a função reprodutiva costuma ser recuperada se a hormonioterapia é temporariamente suspensa. Assim, homens trans que desejam passar por técnicas de reprodução assistida, como a fertilização in vitro ou o congelamento de gametas (óvulos) para preservação da fertilidade, devem, idealmente, suspender a hormonioterapia por cerca de 3 meses antes de realizar o tratamento.

A fertilidade de pessoas trans femininas

No caso de mulheres trans, o impacto da hormonioterapia sobre a fertilidade pode ser bem diferente. O uso prolongado de estrogênios, que são os hormônios que levam ao desenvolvimento de caracteres sexuais femininos, pode levar à perda definitiva da capacidade de produção de gametas (espermatozoides), que não consegue ser revertida mesmo após a suspensão dos hormônios. Por este motivo, mulheres trans que desejam ter filhos com o próprio material genético no futuro devem ser orientadas a congelar amostras de sêmen antes de iniciar a hormonioterapia. Este congelamento é um método simples, de baixo custo e de alta eficácia em relação ao potencial de preservação da fertilidade.Essa exploração mais aprofundada da relação entre hormonioterapia e fertilidade destaca a necessidade de abordagens personalizadas e atentas aos detalhes. Não há uma abordagem única que se aplique a todas as pessoas, e a complexidade dessa interação exige uma consideração individualizada.

À medida que a medicina evolui e a compreensão sobre a relação entre hormonioterapia e gravidez avança, é essencial que profissionais de saúde e pacientes trabalhem em conjunto para tomar decisões informadas que atendam tanto às necessidades da transição de gênero quanto à preservação da capacidade reprodutiva.

É sempre importante, com o devido acompanhamento médico especializado, que a pessoa que deseja engravidar, tenha acesso a jornada da fertilidade.

Conclusão

A relação entre hormonioterapia e gravidez em pessoas trans é um território multifacetado. Embora as opções para preservação da fertilidade estejam disponíveis, a tomada de decisões requer uma abordagem cuidadosa e personalizada. À medida que a medicina continua a evoluir, é imperativo que os profissionais de saúde considerem as implicações específicas da hormonioterapia na gravidez de pessoas trans. A pesquisa nesse campo é crucial para desenvolver protocolos de tratamento que atendam às necessidades únicas dessas pessoas, garantindo uma jornada de transição saudável e bem-sucedida.

Em última análise, a interseção entre hormonioterapia e gravidez destaca a importância de uma abordagem completa da saúde, reconhecendo e respeitando a diversidade de experiências das pessoas trans. Enquanto avançamos para uma compreensão mais completa e inclusiva da medicina transgênero, é fundamental garantir que todos tenham acesso a cuidados de saúde que respeitem sua identidade de gênero e suas necessidades reprodutivas.

Você é uma pessoa trans, está em processo de hormonioterapia ou pensa em iniciar, mas tem receios quando o assunto é gravidez? Entre em contato e agenda já sua primeira consulta!

Dr. Sergio Gonçalves
Vamos começar a sua jornada da fertilidade?