Congelar óvulos ou embriões? Saiba mais
De acordo com estudos recentes, a pandemia do COVID-19 provocou um aumento no número de mulheres que congelaram seus óvulos para preservar a fertilidade. E com Jennifer Aniston falando recentemente sobre sua experiência frustrada com a fertilização in vitro (FIV) – e desejando ter congelado seus óvulos – essa é uma estatística que pode avançar ainda mais.
Outra opção para quem deseja preservar a fertilidade é o congelamento de embriões, um tratamento que existe há mais tempo do que o congelamento de óvulos, embora tenha diferentes implicações em relação ao consentimento e à autonomia da paciente.
O que é congelamento de óvulos?
De maneira simples, congelar óvulos é um procedimento que envolve coletá-los de uma mulher e congelá-los para uso futuro.
“Existem várias razões pelas quais as mulheres podem optar por congelar óvulos. Frequentemente, elas optam por preservar sua fertilidade para que possam formar uma família quando estiverem prontas para isso no futuro. É o que chamamos de congelamento de óvulos social”, afirma o especialista em Reprodução Assistida, Sergio Gonçalves, diretor da Clínica Viventre.
As mulheres também podem optar por congelar seus óvulos antes de se submeterem a tratamentos médicos que possam afetar sua fertilidade, como a quimioterapia.
Quando uma mulher está pronta para usar os óvulos congelados, eles são descongelados e fertilizados, com o emprego da fertilização in vitro, antes de serem transferidos para o útero.
A idade média das mulheres que procuram o congelamento social de óvulos é de 37 anos – mas isso está mudando. Com o assunto em evidência, mulheres mais jovens estão se interessando pelo tema e começam a procurar as clínicas de reprodução assistida para congelar seus óvulos, principalmente aquelas que não se sentem seguras em relação à carreira e ao companheiro.
O que é congelamento de embriões?
O congelamento de embriões é um procedimento que permite às mulheres armazenar embriões para uso posterior. Os embriões são formados em laboratório a partir da fertilização in vitro dos óvulos com espermatozoides do parceiro ou de um doador.
Uma semelhança fundamental entre os dois procedimentos é a forma como os óvulos e embriões são congelados e armazenados (é a criopreservação). Em ambos os procedimentos, é utilizado um processo chamado vitrificação , que envolve substituir a água na célula por uma solução de congelamento chamada crioprotetor, para evitar que a água se cristalize.
Em seguida, os óvulos ou embriões são congelados usando um processo de “congelamento rápido”, sendo então armazenados em nitrogênio líquido. Quando estiverem prontos para serem usados, um embriologista irá descongelá-los.
O embrião descongelado é transferido diretamente para o útero. O óvulo descongelado precisará ser fertilizado pelo espermatozoide de um parceiro ou doador antes de ser transferido para o útero.
Diferenças entre os processos
Uma diferença fundamental entre o congelamento de embriões e o congelamento de óvulos é a questão da autonomia da paciente. “Os óvulos podem ser congelados sem a necessidade de serem fertilizados, o que permite que as mulheres preservem sua fertilidade de forma independente e decidam o que acontecerá com seus óvulos de maneira autônoma”, explica o médico.
No congelamento de embriões, o material genético pertence a duas pessoas. Isso significa que, se a mulher usou espermatozoides de um parceiro, ele precisará assinar o consentimento para que os embriões sejam transferidos ( a regra não se aplica se o esperma é proveniente de um banco de doadores). Portanto, se as circunstâncias de vida mudarem – um relacionamento que terminou, por exemplo – a mulher pode acabar não conseguindo usar os embriões que congelou. É preciso pensar nessa possibilidade antes de optar por este procedimento.
“Quando falamos em preservação da fertilidade, o especialista em Reprodução Assistida é o profissional mais capacitado a aconselhar apropriadamente a mulher de acordo com o momento atual de vida dela, levando em consideração também os seus planos futuros”, defende Sergio Gonçalves.